Ter um carro elétrico é segundo muitas perspetivas, uma vantagem em relação à propriedade de um tradicional veículo de combustão: ´mais económico, mais silencioso, mais amigo de ambiente, etc.
Mas numa situação pelo menos, não é por guiarmos um veículo elétrico que nos vamos sentir melhor que os restentes condutores.
Nesta situação de que vos quero falar, o condutor de um carro elétrico, sente-se tal mal ou pior que o condutor de um automóvel a gasolina, GPL ou gasóleo: é na hora do acidente.
Não interessa o tipo de carro que conduz, se o faz há muito ou pouco tempo, se o carro é seu, do marido, esposa, ou patrão – ter um acidente automóvel dá chatice e não é algo que se procure de mote próprio.
Mas isto já o leitor sabe e se é proprietário de um carro elétrico até saberá o que vou abordar de seguida.
Ainda assim, para o lembrar, e também para alertar potenciais novos proprietários destes veículos, não quero deixar de falar aqui sobre uma situação em que os detentores dos veículos elétricos têm que ser mais cautelosos que os restantes – na reparação do automóvel.
Não servirá qualquer oficina.
Não será boa ideia, como para o seu carro anterior, depois do acidente, ainda para mais se a culpa não foi sua e a seguradora congénere assumir a reparação, ir deixar o carro à oficina da esquina, de quem conhece o dono, e que costuma fazer-lhe um check-up completo à pintura incluído no orçamento pago pela seguradora.
Esse artifício pode sair-lhe caro com um carro elétrico. Levar o carro a uma oficina menos habilitada para veículos elétricos, pode custar-lhe uma redução na performance do seu automóvel.
Senão vejamos:
O seu carro elétrico tem uma peça importantíssima que contribui imenso para o preço total do mesmo, e que tanto lhe custou a pagar, mesmo que tenha utilizado o apoio do Estado.
Falo da bateria elétrica que o equipa e que é o núcleo de todo o seu funcionamento.
Por si só, o facto do seu carro ter esta peça, coloca um desafio adicional à sua reparação.
É o que aparece comentado num artigo que me deu o mote para transmitir esta informação à audiência de O Carro Elétrico.
Refere o artigo, que os proprietários de carros elétricos têm que ter mais cuidados que os restantes, ao cederem às pressões de algumas companhias de seguros, para repararem os seus veículos em determinadas oficinas, que estão protocoladas com a seguradora.
O artigo não incita os donos de carros elétricos a recusarem tal, apenas lhes recomenda que verifiquem se esses centros de reparação estão habilitados para lidar com veículos elétricos, nomeadamente, se conhecem, implementam e têm equipamento apropriado, para retirar o pack de baterias do veículo, enquanto o sujeitam a algumas operações que podem ser atentórias do desempenho do veículo elétrico.
É isto que também lhe queremos recomendar a si que nos lê, vá reparar o seu veículo no decorrer de um sinistro automóvel que remeteu à seguradora, ou vá fazê-lo por sua iniciativa e conta: assegure a certificação da oficina.
O artigo em causa aponta o exemplo da pintura, referindo que o simples facto do veículo poder ser exposto, com opack de baterias montado, às fontes de calor que são usadas para endurecer a tinta, após a pintura, pode originar temperaturas tais, que contribuam para reduzir a esperança de vida das baterias.
A este propósito junto uma transcrição que atesta isto mesmo em relação ao Nissan Leaf. Está em inglês, pois não a consegui em português, e queria transcrever algo com absoluto rigor e não apenas resumir o que é sustentado.
Torna-se evidente que pelo menos a Nissan, no manual de utilizador do seu carro elétrico, aponta os riscos da reparação não certificada dos seus veículos.
In the event of an accident that requires body repair and painting, the vehicle should be delivered to a knowledgable Leaf repairer such as a Nissan certified EV dealer to have the Li-ion battery and high voltage parts such as the inverter, including the wiring harness, removed prior to painting. Li-ion battery packs exposed to heat in the paint booth will experience capacity loss. Damaged Li-ion battery packs may also pose safety risks to untrained mechanics and repair personnel.
