Nos últimos meses, a segurança dos veículos elétricos (EVs) tem sido alvo de um intenso debate na Coreia do Sul, especialmente após o incêndio de um carro elétrico da Mercedes-Benz na cidade de Incheon. O incidente ocorreu num parque de estacionamento subterrâneo, onde um sedã elétrico explodiu, resultando em 23 pessoas hospitalizadas por inalação de fumo e mais de 200 famílias desalojadas. O incêndio durou mais de oito horas até ser extinto, levantando preocupações sobre a segurança das baterias usadas nos carros elétricos.
Desde então, os receios sobre a segurança dos veículos elétricos aumentaram, gerando o que os meios de comunicação locais apelidaram de “fobia EV”. Muitas residências em todo o país tomaram medidas de precaução, com alguns edifícios a proibir a entrada ou estacionamento de veículos elétricos nos seus parques. Esta situação criou uma onda de preocupação em relação à segurança das baterias de EVs, impulsionando o governo sul-coreano a introduzir novas regulamentações no início de setembro de 2024.
Regulamentação sobre baterias de veículos elétricos
Face ao crescente receio do público, o governo sul-coreano decidiu avançar com um novo conjunto de regulamentos. Estes incluem a obrigatoriedade de que os fabricantes de automóveis divulguem a marca das baterias instaladas nos seus veículos. Embora as baterias sejam uma componente essencial dos veículos elétricos, há muito que a sua identidade e proveniência são mantidas em sigilo, tanto na Coreia como a nível global. Acredita-se que esta nova medida possa trazer mais transparência ao mercado e ajudar os consumidores a tomarem decisões mais informadas na hora de comprar um carro elétrico.
No entanto, ainda existem dúvidas sobre a profundidade das informações que serão exigidas aos fabricantes. O governo ainda não definiu uma data para a entrada em vigor da nova regulamentação, deixando os proprietários de veículos elétricos à espera de saber se poderão retroativamente descobrir a marca da bateria dos seus veículos.
Impacto no crescimento das vendas de EVs
O incêndio de julho na Coreia do Sul ocorreu num momento delicado para o mercado de veículos elétricos, que já mostrava sinais de desaceleração. Embora o mercado de EVs no país estivesse a crescer rapidamente, representando mais de 9% das novas matrículas de automóveis no ano passado, as vendas de veículos elétricos diminuíram significativamente em agosto de 2024, após o incidente. Este declínio afetou tanto os fabricantes locais, como a Hyundai, quanto fabricantes internacionais como a General Motors e a Porsche, que também foram forçados a tomar medidas para acalmar as preocupações dos consumidores.
Alguns fabricantes, como a Hyundai, decidiram divulgar voluntariamente os seus fornecedores de baterias e até oferecer inspeções de segurança gratuitas para proprietários de veículos elétricos, numa tentativa de restaurar a confiança no mercado.
Novas medidas de segurança para EVs na Coreia do Sul
O governo sul-coreano comprometeu-se a reforçar as medidas de segurança relacionadas com os veículos elétricos, tanto em termos de infraestrutura como de regulamentação. Estas medidas incluem a exigência de que os operadores de estações de carregamento e os fabricantes de EVs tenham seguros adequados para cobrir possíveis incidentes relacionados com baterias. Além disso, foram feitas promessas para melhorar a segurança em parques de estacionamento e locais de carregamento de EVs, onde há maior risco de incêndios.
Apesar das medidas, ainda não é claro se essas ações serão suficientes para acalmar os receios do público em relação aos veículos elétricos, especialmente em zonas residenciais onde os incêndios causam maiores preocupações.
Perspetivas futuras para os veículos elétricos na Coreia
Embora o incêndio tenha abalado o mercado de EVs, a Coreia do Sul continua a investir em infraestruturas e regulamentações para fomentar o crescimento do setor. Se o país conseguir implementar regulamentações mais rigorosas e eficazes, poderá tornar-se um dos líderes mundiais em termos de segurança e inovação no mercado de veículos elétricos. O sucesso ou fracasso destas medidas será um teste crucial para a transição do país para uma mobilidade mais sustentável.
